4.17.2016
TEXTO 131 : POEMA DE DOIS EUS*
eu
reticente
vou despairecendo
me arqui-entristecendo
cheio de etceteras e tal
só pra chegar final de tarde
eu me esbaldar em cansaços
de silêncios
relambuzando todo o mar
de palavrórios guardados
sou esse vidro entalado
de carro velho
que não desce
que só quebra,
como essas ondas de fim de tarde
onde me banho e me perco
em odores salgados
em lembranças imundas
esperando, nada solene,
o banho da salvação,
um ponto final,
um relance,
e por hora me contento
com a melodia da noite,
eu,
tão sem fim
todo sem mim
um mundo de palavras
desmedidas e ponto
Eu sumo a cada instante
em que desejo ser outro dicionário
* com Pedro Marangoni
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