Venho lhes dizer sobre este rapaz
Do alto de seus vinte e nada anos
De um sorriso impregnado de tormento
Da alma amarrada ao gênio materno terrível
Pierre, depois o louco, o imbecil
Há quem diga sê-lo gênio, há quem diga
Pois há quem diga, do imprestável Rivière
Patrono da humilde loucura, à procura da felicidade
Ser digno de dó, de rótulos e da morte
De poucas palavras e poucos olhares
E diante da foice ainda tingida
Pierre clama "Tenho pressa em morrer"
Como se o juízo lhe faltasse logo agora
Trajados de século XVII, estamos em toda parte
Da medicina medieval à psicanálise pós-moderna
E habitamos estas mesmas cadeiras, usamos
os mesmos dedos em vão: um para o louco
três para o são
Do confinamento às execuções
Resignamos em nome do pai
À imaginação, à indignação, à sanidade
Declaramo-nos em favor da felicidade
e do suicídio do outro
Eis Pierre, diante da forca de barbante