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cartógrafo de letras, sensações e pássaros

6.30.2020

TEXTO 175 : UM POEMA GESTADO EM QUARENTENAS




ave mãe
que
choca o novo ministro

reina a paz do ouro
tudo tudo outra vez
meu pai, meu país
aponta para onde?

ridículo mistério
esqueletos adoçam o café
outra notícia que passa
minha canção cansada
tudo outra vez

curioso silêncio
das nossas crianças
gloriosa era inconformada
vitamina em forma de fertilizante

recomeço
por onde pega o mal
debaixo ou de cima
pousa breve
ave pássaro manchado

elaborando a teia
que acresce de pura
matéria elástica 
embalagem descartada
choca 

a reunião de gentes
está proibida
de agora em diante
um por cada um
e todos por ele
afilhando a lâmina gasta
com brio com excelência

espero
que cairá 
com duro golpe



TEXTO 174 : UM POEMA SOBRE INFINITOS



tenho
tenho infinitos
tenho pra mim

gente feita de números
como se sábado
fosse um dia
como outro

me afastei do tempo
da pressa e da dor

não tenho paz