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cartógrafo de letras, sensações e pássaros

6.24.2015

TEXTO 111 : UM POEMA DAS DISTÂNCIAS NA LINGUA*





Cê sabe
sei não

com quantas traves
se faz um coração?

Quantos poemas
pesa um avião?

quantos tijolos precisa
pra fazer religião?

Cê sabe nêgo
vem não

quem nunca encheu
a barriga da miséria

filosofando nas turbinas
rimando até sair do chão

a alma livre atravessada
cruzando os ares
em busca de salvação

*com Pedro Marangoni



6.17.2015

TEXTO 110 : UM POEMA A DUAS MÃOS*





falo
falo
falo
falou tá falado

calo
calo
calo
calou tá calado

Já que ninguém ama,
nesse manda desmanda
guarda-chuva furado,
vou ali ser petrificado,
e volto pra dizer
que se calo
tá calado
e quem não amo
tá amado



*com Pedro Marangoni

6.08.2015

TEXTO 109 : UM POEMA SOBRE A FELICIDADE





APRENDER A MORRER



"Sou tão feliz!
— Vem, noite mansa…"
(Manuel Bandeira)


eu era outro
preocupado em
agarrar a felicidade
quando ela viesse
me encher o peito

era escorregadia
não como ouro
era uma poeira fina
que eu varria
durante a semana

eu queria ser
uma pessoa desgarrada
de vícios
feito personagem
de intervalo comercial
ou velejador

olha onde cheguei
medindo
o peso que o mundo
todo tinha

a vida é longa demais
tempo demais
para morrer
tempo demais
para viver
tempo demais
para procurar

e as crianças
com seus sorrisos
seguem brincando
inventando
e flutuando