8.23.2016
TEXTO 142 : DESCALÇO O TEMPO
Dançam os esqueletos
dançam as árvores grávidas
e a turbidez das manhãs não se mede
pelo cumprimento altivo
sou um pária
e a mercê do abismo
sou cão sem fundo
mesmo ____________
na lataria velha
o abandono
é forma de calçar
minhas idades
no tempo
8.18.2016
TEXTO 141 : UM POEMA SOBRE UMA FALTA
agora sim
quem se faltar será
contado
e o fim de um caloroso
ardor
em mim só guardarei
rancor
era tarde era escuro
éramos três quase mil
fala agora se a guerra
serve
8.12.2016
TEXTO 140 : UM BLEFE
temer com o que tenho nas mãos?
a fina lâmina da juventude
cortou minha cara
e já anunciaram nossas derrotas
bem antes de eu dizer
e apresentar a solidão de um mundo todo
era dança seresteira
rodopiava um chão só
o cheiro da madrugada
e um frio onde não caberei jamais
se eu não tinha lados
tinha facções por amor
resplandecia essa quimera inútil
rescendia o fino lugar
era abril
mal sabia eles
quem me dava cortes mesmo
e lampejos de clareza
fiz com o que tinha nas mãos
faria tudo de novo
se só me tivessem matado
8.06.2016
TEXTO 139 : UM POEMA DAQUELA CASA INCENDIADA
bora
pega as malas
com o que te sobra do corpo
levanta tua sensatez
arrisca a coragem
que o dia vem cheio para vender
a alma do poeta tem cheiro
de avelã com pandeiro
e a fogueira que fiz
para ansiar tua chegada
ela hoje é lembrança
das mãos atadas
pelo desespero ou pelo senão
era paz
ela invadia
hoje a casa
vazia envadiada
sequela do golpe
onde saquearam meus desejos
e a expúria filha tua aquietou
hoje quem te deu botes
anuncia um canal para o dilúvio
e querem sabotar justamente
o teu espírito bravo
eu não me fiz silencio
eu não fabriquei mais nada
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