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cartógrafo de letras, sensações e pássaros

10.05.2011

TEXTO XXXV : UMA LOUCURA CONTRADITÓRIA


Venho lhes dizer sobre este rapaz
Do alto de seus vinte e nada anos
De um sorriso impregnado de tormento
Da alma amarrada ao gênio materno terrível

Pierre, depois o louco, o imbecil
Há quem diga sê-lo gênio, há quem diga
Pois há quem diga, do imprestável Rivière
Patrono da humilde loucura, à procura da felicidade
Ser digno de dó, de rótulos e da morte

De poucas palavras e poucos olhares
E diante da foice ainda tingida
Pierre clama "Tenho pressa em morrer"
Como se o juízo lhe faltasse logo agora

Trajados de século XVII, estamos em toda parte
Da medicina medieval à psicanálise pós-moderna
E habitamos estas mesmas cadeiras, usamos
os mesmos dedos em vão: um para o louco
                  três para o são

Do confinamento às execuções
Resignamos em nome do pai
À imaginação, à indignação, à sanidade
Declaramo-nos em favor da felicidade
                 e do suicídio do outro


Eis Pierre, diante da forca de barbante

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