5.06.2013
TEXTO LXXI : SETE FIGURAS
I
treze rostos perseguem
um ponto fixo no horizonte
os corpos colados
vontades distantes
II
liberdade
acompanha a rachadura do barco
a madeira contra a água
a corda quase arrebentando
III
tumultada noite
em que a escuridão estrangula
a todo momento
meu olhar perfura o silêncio
IV
um cristo de joelhos
limpa as feridas com os dedos sujos
suas lágrimas tocam a terra bege
milhões ainda vão passar fome
V
desenha o contorno de montanhas sem o cume
a terra sagrada é povoada de fantasmas
três mulheres, entre elas uma grávida
o caminho é cheio de pequenas armadilhas
VI
a matilha desce pela colina congelada
mais adiante a ordem de parada
os cães agitam-se com os vultos
um deles carrega uma lâmina afiada
VII
a vertigem lhe tira do caminho
seus dois filhos foram executados em uma guerra
adormece sentada, ameaçada pela incerteza da noite
seu olhar guarda a história de um povo
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