2.18.2014
TEXTO XCVIII : NOSSOS DIÁLOGOS
percebe agora com a crueldade da distância
que não conversamos
apenas lançamos ao mar
(ou a algum outro velho conhecido)
nossas cartas e nossos descontentamentos
e quando recebo notícias suas
vou correndo para o dicionário
pois tentar entender sua língua
(e por mais que falemos o mesmo idioma)
é como um desafio incansável
de tropeçar nos próprios passos
como um erro ao qual nunca me acostumo
ou como um enjoo marítimo
por isso penso que estamos a dar voltas de barco
e a terra que vislumbramos, esse território
que jamais pisaremos, das coisas estáveis e tranquilas
(e das palmeiras e sabiás), nunca chega
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