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cartógrafo de letras, sensações e pássaros

7.08.2016

TEXTO 137 : UM PEDIDO DE PAZ*



a volta da volta dá voltas

e eu que resolvi encarar diante dos fatos
minimamente legitimados
ou então transcritos em belas canções
eu não quero mais nada nem de agora
e nem diante de mim quero paz
sem essa presença noturna das horas, sem o exaspero crescente nas turbas
sem o ódio lacrado nos lábios, sem essa cruz pendurada na garganta-
sangue tinto que jorra da história-
qualquer paz que me haja
qualquer abraço que me acomode
seja essa paz-pura, pombabranca – vemcáirmão
ou a paz atordoada dos ventos de tempestade
Há muito tempo a palavra humana deixou de acolher seus iguais
há muito criamos e desfazemos profetas
como quem brinca na areia.
É tempo de não ser mais tempo
é tempo de adeuses gritados em meio a despedidas de trem
é tempo de um drama amargo com suas gotículas de absurdo cômico,
é tempo de gente
muita gente
que veste o capuz dos dias e difama seus comuns.
Também, é tempo de ir.
Não quero mais palavras de acalanto
nem declarações de guerra.
Quero o silêncio obtuso de quem vive além
a prece encarcerada nas mãos


(uma paz que seja, meu Deus, uma paz apenas.)


* com Pedro Marangoni

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