11.22.2012
TEXTO LXII : PARTE DOIS (AS MARÉS E AS CASAS)
os pingos na areia formavam linhas
como artérias sobrecarregadas
formavam poças escuras
elas logo faziam ruas, alamedas
minhas saídas de emergencia
escorriam em várias direções
um liquido grosso pra encher o espaço
lentamente
me desmontei em blocos
quase um condomínio inteiro
transbordei avenidas, o preço do asfalto
um súbito medo de me perder em vilarejo
milhões de diálogos que cruzam bairros
impossível conter em casas
os prédios também estão lotados
já tomaram minhas ruas, meus semáforos,
já cobriram os rios com seiva preta
uma multidão que não se cala em mim e que escapa
uma enchente de vidas que não pode parar
força das ondas, turbilhão escaldante, as marés, incontrolável
não adianta
carrego a cidade por onde passo
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