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cartógrafo de letras, sensações e pássaros

9.11.2015

TEXTO 119 : UM POEMA HIDROGRÁFICO





meu desejo é ser rio
populosamente passageiro
caudalosamente fino
cascateando solitário

anonimamente aguacento
revirando ensimesmado
flutuantemente profundo
gentilmente traiçoeiro

ilustrissimamente anônimo
enraizadamente livre
injustificadamente bruto
familiar e resplandecente

desejo de ser tácito
meticulosamente cheio
enormemente inútil
e servilmente vazio

desejo de ser perpétuo
de ser retorno
e de ser profícuo

eternamente faminto
desastrosamente generoso
irreparavelmente indomável
simples e inocente paisagem

um grandalhão de dedos sensíveis
um coração que alaga fácil
tímido aventureiro sem limites
leviano sonhador que consome seus horizontes.




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