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7.31.2020

TEXTO 179 : UM POEMA PARA DEPOIS DA IDADE




QUANDO COMPLETEI CEM ANOS

quando completei 100 anos
aquilo ainda nem era número
e como coisa de menino comparei
sem vergonha do que não cabia na mão
troquei sem saber
dezessete por um radinho
vinte e seis por sorvete
doze a mais porque queria de novo
e uns que não fiz mais questão
dei numa bola pra meninada
gole de cerveja gelada imagina valia milhão
então aos poucos a vista voltou
os cacoetes estirados ao sol
papagaio que sabia chopin
vinha de pouquinho no meu ouvido
eu rindo e rindo as pernas
de costas para a noite 
já passando a hora de dormir, esquecer
e essas bobagens de gente careta demais

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