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cartógrafo de letras, sensações e pássaros

12.20.2009

TEXTO XVI : UM POEMA

A ROSA (E O CRAVO)

A rosa é livre
a rosa é medrosa
Uma rosa que é rosa
e outra desbotada

Percorre os espinhos
perfura meu calcanhar
Perfume dos deuses
de rosa e dos córregos

Uma rosa em volta
de dois corpos plásticos
Minha canção derrota
essa rosa que é palida

As rosas tem sotaque
outras não têm nada
Outra flor diluida
em risos e temporais

De um lado roda
a morta rosa de descaso
Um cravo chora rios
e lagos largos sólidos

As pétalas da rosa
se perdem no vendaval
Silêncio por silêncio

É a morte do cravo

Um bravo escravo mói
o amor de duas flores
A morte cor-de-rosa

É a morte de um cravo

A rosa que repousa
Rosa rosa abalada
O cravo ora desprende
de um fim desesperado

Perfume dos deuses
cravados no paladar
As dores dos espinhos
as dores em meu calcanhar

Ricardo Rother

Um comentário:

  1. As dores dos espinhos
    as dores em meu calcanhar..."


    tenho algumas dores assim...
    Gostei muito.
    sigo você moço.
    =*

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