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cartógrafo de letras, sensações e pássaros

12.19.2009

TEXTO XIII : UM POEMA-MUSICA

[utilizando-me da música de Chico Buarque]

O QUE SERÁ (DE TODOS NÓS)


O que será que será
que entorta meu corpo
de água fria
que enche a minha boca
de hipocrisia
que desaba meu peito
num descontento
e encerra minha dor
e não vem de dentro
apaga o meu suor
reduzido ao leito
E acalma meu sossego
num grito meigo
anula uma vontade
de ser direito
Retira o meu desejo
de pensar, respirar
O que será do todo
de um nó virado
de um corpo cansado
um nada embutido
O que será do povo
sem toda gente
O que mata meus limites
de água quente
Sufoca o ar doente
queima por fora
Uma agonia sempre
que não vai embora
Amputa os meus defeitos
que faço agora?
Por tantas injustiças
que andam bambas
Pelos netos e filhos
da mão do samba
Que dançam em silêncio
a pior das danças
Têm medo do amanhã
pobre de esperança
Que será do grito
que arde em vingança
Atrasa meu sorriso
numa espera mansa
Arrasa com as mães
e os pais enterrados
Pulsa nos dedos firmes
e injustiçados
E o coração poroso
ora alagado
E um fim experiente
e inesperado ...
cansado do chicote
e do amarrado
do corpo e da ferida
encravejados

O que será do medo do escuro...

e o que será de mim...?

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