9.22.2013
TEXTO LXXXIII : O POETA
O poeta fica imóvel
os seus dedos tremem
(o que será que eles escrevem?)
O poeta abre os olhos
respira fundo, e mexe os lábios
sua garganta corroída pelo texto
Fecha os olhos novamente
e recita seu poema sem pausas
conhece seus perigos
O próprio poeta alerta
"Não me interprete
não sofra meu fingimento!"
O poeta relê seu poema
três vezes seguidas
em cada uma uma coloração
Pesaroso, o poeta experimenta
o luto de enterrar suas palavras
relembra as palavras que não usou
O poeta assiste ao funeral dos
sentimentos diante dos olhos
extrai dos versos, as ultimas palavras
como se o poema se desfigurasse
enquanto congela os lábios e se despede
de sua criação,
então fecha o livro e caminha
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