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cartógrafo de letras, sensações e pássaros

7.12.2009

VOLUME I : POEMAS PARTE IV

O VELHO

Já faz tanto tempo
Eu nem me lembro
o que senti
Eu até tento
Nem sei como te conheci

A gente deixa tanta coisa de lado
Nem sabe se ainda é amado
E vive só pela companhia
Só esperando passar o dia

E sobra tanto afeto no vão
Que se forma entre nós dois
Nem sei como anda meu coração
Depois do ouro e do diamante

Nem amante, nem nada, falta
Um abraço, um afago, um afeto
Falta voce aqui perto, e sua mão

Nem sei mais se sinto, e me sento
Na ausência do amor, restou o eco
E na calmaria, me desespero

Me diz como há de se viver
Sem sentir, sem tocar, sem ver
Sobra tanto espaço, sem seu abraço

Agora me resta a calma
Me sobra mobília
Me falta o Amor

E eu que nunca pensei
Eu esqueci se te amei
Me esqueci da tua partida

Ainda que tua falta é sentida
Eu que nem sei mais se te amo
Choro e penso que te chamo

Tudo velho, tudo sem vida
Queria voltar no tempo
Tentar chorar sua despedida
Ricardo Rother
Publicado no Recanto das Letras em 17/12/2008



ÚLTIMA CARTA DE AMOR (DESPEDIDA)

Uma nova carta de amor
Um relato tão profundo
Tão doce aquele perfume
Que escorre por este som

Nossa canção nem mais ecoa
Entoa em nossos corações
Por tanto tempo tentando ser
Ecos de nossas frustrações

Tão esperançosas aquelas palavras
Profundas, tocavam o céu
Suavemente se entregando a mim
Teus gestos cor-de-mel

Abundância de sentimentos
Mais doces que um beija-flor
Eu vi, tentando escapar
O último beijo sem sabor

Vendo as nuvens ao aproximar-me
Ceguei meu grito de embriaguez
Dizendo bobagens, tão mesquinhas
Fez-se o tapa que não me deu

Versos novos, emocionados
Já esquecidos, por quem nem mais leu
Se fez o fim, cantando a noite
A alegria que me escondeu

Ricardo Rother
Publicado no Recanto das Letras em 27/06/2008


O PEDIDO

Mesmo com demora
E as ressalvas
fica indignado!

Esperado
Ainda prende
o olhar

Ali, atento
Quase nem tempo
Tem pra contar

Ja imaginando
a moça de véu
à beira do altar
da capela requintada

E ao ser Questionada
Se sim ou não
Como não tivesse
outra opção

Não esboça surpresa
Tão pouco o rapaz

De joelhos sob a mesa
Se declara

[E o lugar todo pára]

Agora sem jeito
Ao fazer seu pedido
O rapaz, arrependido
Ao ouvir
-Não aceito.

Ricardo Rother
Publicado no Recanto das Letras em 18/12/2008


NA AREIA

Se entregou ao meu violão
Beijou as notas, melodia
Me deu seu coração
E pra sempre canto uma novidade

Um pouco de paz, por favor
Uma água com gelo e sem gás
No calor pra se refrescar

Eu lá na areia
Você a falar besteira
E te amando até me encher

Na areia eu queria ficar
Dormir juntinho com você até cedo
Sentir a brisa ver o sol raiar
Numa caixinha relembrar esse momento

Posso fechar os olhos
Sem ar, sentir, sem olhar
E o vento me apalpa levemente

Eu sorria, lá na beira
Você só me dando canseira
Te amei de relance, de repente

Na saída, na sala, na ida
Me vem uma vontade
De ser feliz sem você
[Novamente
É tarde, vieram as ondas
Te trazer de novo à minha mente

Ricardo Rother
Publicado no Recanto das Letras em 06/01/2009


ME ENTERRAR



Se perdi o desejo de viver
Só porque quero sair daqui
Estão loucos, não sabem o que falam
E não é surpresa nenhuma pra mim

Pois se penso em ir embora
Não sou eu, são eles mesmo
Mas vou embora, vou sim
Vou pro campo, me enterrar

E da vida, vou dar um tempo
Do tempo, dinheiro e angústia
Viver do campo, colheita e da música
E escrever minha história no chão

Viver num eterno perdão
Por todo o mal que me fizeram
Me erguer na árvore
Não na multidão

E sob o sol, me refrescar
Com o calor somente das palavras
Que estarão enterradas comigo
E ninguém nunca vai encontrar

Ricardo Rother
não publicado



A VELHA E O BURRO

É você que sempre traz tanto desgosto
Faz de mim teu célebre encosto
Servo, tantas vezes reprimido
Fala, faz, se faz de amigo

Mas sempre traz agrados
Pra curar esses maltratos
Se esquece do castigo
Esquece que é inimigo

Vou levando essa vida assim
Carregando tanto peso em mim
Pensa que sou burro, coitado
Quem agora está sendo castigado?

Veja os maltratos que lhe faz a idade
Dóem-lhe as pernas até os pés
Agora dá até uma saudade
Do burro que andava de ré.

Ricardo Rother
não publicado



ME DIVIDE MAS NÃO SEPARA

Separa de mim o que é poesia
E o que é loucura

Me diz como faz tal heresia
Separa o homem do ar
Tira o peixe do mar

Ah se fosse tão simples assim

Quanto mais vivo, mais escrevo
Se escrevo pouco, fico louco
Se não escrevo, daí eu morro

Me ajuda a entender a loucura
Ou controlar minha poesia
Todos os versos que vêm com fúria

Ajuda-me a entender
Como a vida é dura

Ricardo Rother
não publicado



ENTRE PARÊNTESES

Tudo acontece meio entre parênteses
A gente fica em dúvida e até com medo
Eu esqueço da dor
E que o nosso amor é segredo

Ricardo Rother
não publicado



INCOMPREENDIDO

Até entendo o incompreendido
Mas o incompreensível é que não
Se quisesses ser entendido
Ah, entenderia a si mesmo então

Meu ódio pelas pessoas não é declarado
E se declamo meus poemas assim
É que com essa raiva pela humanidade
Mascaro a raiva que tenho por mim

Não me leve a mal, sei como é
Sentir-se desprezado e vazio
É como encaro minha vida
Se quer, quer, se não
tenho quem quiser

Não deveria pensar assim , eu sei
Mas daqui tudo é negro e catastrófico
E não espero que tenha dó de mim
Mas entenda um dia porque sou assim

Ricardo Rother
não publicado



INSPIRAÇÃO NUMA NOITE DE DOMINGO

As vezes, acordo de noite
Meio perdido, meio dormindo
Acordo irritado, meio atordoado
Me rolo de um lado e vou para o outro
E fico ali suando o colchão

É que nessas noites, acordo sonhando
Um meio sonâmbulo, perambulando
Acordo perdido, já pego o papel
Agarro a caneta, pois sei que agora
Veio a inspiração

E sinto uma mão bem ao meu lado
Não fico assustado, permaneço calado
Um pouco afobado, mas é porque tenho
Tanta coisa pra escrever, que se perde no ar

Vou caçando pensamento, esvaziando a cabeça
Em cima da mesa, respousa o coração
E a noite vai indo, assim, sem hora
Mas vê se não demora
Que a manhã já está aí

E de novo eu acordo, querendo dormir
E eu durmo de novo, começo a ouvir
Lá vem a música, que vem me acordar
Pergunto a mim mesmo, se isso vai parar
E tiro um cochilo, e vira apagão

Começa a gritaria, é mais outro dia
E dia de branco, e você tá folgando
O inferno da semana, o fim da alegria
Me arrasto até a porta, agarro uma faca
Quem sabe um dia, ela muda de direção
Mas hoje tem vida, corto meu pão

Ricardo Rother
não publicado


CAMINHO DA LUZ

Essa farsa parece não ter fim
Esse descontentamento por tudo
E tudo parece se virar contra mim
Num mundo onde tudo é ilusão
As vezes acordo e vivo o sonho
Toda essa forma de depressão
O que me motiva, o que me mantém são
É o que tira a realidade a qual me oponho
Sentindo-me um rebelde em meio ao caos
Ver a moral se afogando no arco-íris
Uma última esperança de satifação
São só frases de efeito, mórbidas por dizer
É um cômodo recheado de restos de cinzas
Uma conexão com o passado e o atual
O que é bem comum, para mim é o mal
E o desprezível é muito lamentável agora
Desprender-se de toda forma de vícios
Ser novamente um ser incontrolável e racional
E olhos virarão luz e a boca um leve vento matinal
A brisa vai passando e são somente sussuros
O avanço e o progresso induzem uma corrente
De regressão e desaprendizagem de valores capitais
O que é fruto do antônimio real ?
E o que faremos aqui, senão fingir
Enquanto minimos grãos de matéria podre me controlam
Não sou nada mais que o oposto de minha existência
O desejo incontínuo da busca pela mutação
É o que me define enquanto ser material e animal
Meus desejos são parte do progresso existente no mundo
E o que antes me definia como pessoa
Agora não passa de um quadro irracional e progressivo
Onde a busca pelo prazer me fez achar o que está morto
A ambição, cobiça e tantas outras qualidades(defeitos)
Foram frutos dos próprios pensamentos, mas não das mentes
E sim dos instintos materialistas que velhos rostos impuseram
Nada mais me resta senão a procura pelo desejo supérfulo
E todas as verdades já contestestadas
São esquecidas e dão lugar a preocupações mundanas
Ser e ter, esquecer e saber, tudo vale apenas para si
E ao próximo, uma incapacidade de tolerar seu destino

Ricardo Rother
não publicado




É PENSAMENTO

Um outro pensamento que sai quente
Saiu fervendo, nem dá pra modelar
Mas não saiu pronto, saiu em prantos

Saiu pensando que era Deus
Caiu no chão, ficou a chorar
Pensou muito e morreu, como tantos

Segura firme, lá vem outro
Vem correndo, não vai parar
Bateu de cara na parede
Meu superego, e essa mania de não frear

Mas dessa vez não me escapa
Que vem um bom, esse é natural
Mas não é humano, então deixa
Larga esse, que esse não faz mal

Ah!Pensamento bonito, inteligente também
Distribui sorrisos, ascena ao povo
Quer dinheiro no bolso, conheço muito bem
Seu bolso é fundo, mata enquanto é novo

E que pensamento então há de vingar
Que idéia maluca nasce, e se põe no seu lugar
Qual delas, nasce cresce e se reproduz
Qual delas segue a luz, e respira o ar

floresce aos poucos, e abelhas faz atrair
Do seu corpo produzem um amor, meio mel
Que acalma toda uma colméia, sempre a zumbir
Passa a vida, só vivendo e olhando para o céu

Ricardo rother
não publicado



AGRADECIMENTO

Um soldado indo pra guerra
Despedindo-se de sua amada
Pela ultima vez, beijo a terra
Aquela q um dia estará enterrada

Jurei que foi a ultima tentativa
Mas não, de novo, não foi dessa vez
Mesmo depois de tudo o que vc fez
Vi que que tudo tem uma saida

E antes de partir e dizer adeus
Quero lhe dizer algumas palavras
Palavras que significam momentos
Momentos que em minha vida agradecerei a deus

Por ter conhecido você
Por me dar intimidade
Por te conhecer como ninguém
Por fazer de um jeito, que nunca vou esquecer

Por todas as palavras sem sentido
Por todas as lágrimas que chorarei
Por todos os senitmentos destruidos
Por todos aqueles que amarei

Agradeço, a você
Somente a você
Minha estrela, minha inspiração
Você ofusca minha mente, me sugere a confusão

Aquela que me amou
Aquela q eu sempre chorarei
Aquela que mais me apoiou
Aquela que jamais esquecerei

Ricardo Rother
não publicado



AMANTE

Se eu quisesse
Por um só instante
Ser teu amante

Ser teu sol
Ser teu amor
E você meu mar
Te amar
De corpo e alma

Perfeito e com calma
Não desgrudar tua palma
Sentindo teu calor
Deliciando-me com teu sabor

Vendo o pôr-do-sol
Iluminando a tua beleza
E em mim, há certeza
Que será o meu farol

E a luz que tinha
Se ofuscou, sumiu
Nao é nem mais minha
Meu amor também, fugiu

O nosso romance
Agora naufragou
Pois só de relance
O Cupido acertou

Ricardo Rother
não publicado



AS PALAVRAS

Eu sou
Amante das palavras
ditas
Mais ainda
das deixadas ao vento
Que mais lindas
pois são só sentimento

Também nunca lidas

São virgens, imaculadas
São como estrelas
só supostas

São como estrelas
jamais tocadas

São como estrelas
Imaginadas

Ricardo Rother
não publicado


CORAÇÃO CANSADO

Lar é onde o coração repousa
Mas esse coração, cansado
Coitado!
Nem lar, nem repouso tem

É dor, de dias, de meses
Cheio já
De ser partido
Parte em busca
De outro lar

Quem sabe
Lá até seja feliz
Dê um descanso ao coitado
Que há tanto tempo
Já infeliz

Nem bate mais
mal respira
Asfixiado
Enfim

Desmaia

Ricardo Rother
não publicado


MEU CIÚME

Meu ciúme passou aqui
Te deixou um recado
Disse que tem pecado
Toda vez que pensa em ti

Mas não quer mais chorar
Nem pensar em você
Por isso foi desabafar
E resolveu escrever

Escreveu então essa carta
Agora não mais arrependido
E quem sabe você parta
E deixa em paz meu coração partido

Esse ciúme já cansou
De tanto te querer
Mas agora já passou
Foi embora, foi crescer

Ricardo Rother
Publicado no Recanto das Letras em 14/01/2009



MUITO APAIXONADO

Eu te conheço aos pedaços
Poucos pontos incompletos
Os pecados, os medos
Acasos que a modelam

De passos aveludados profundos
Contempla sua graça, seu ar

Imagino assim imperfeita
Com tantas falhas apaixonantes
Seu orgulho inconfundível
Seus amantes imaginários

Sua perfeição em retalhos
Espalhados pelo chão
Doçura de minha alma
Seus rodeios bem matinais

Anoitece bem lentamente
Com a lua o olhar inunda
Enche de sede minha boca

Num abraço
um encaixe a dois
Levo adiante
Deixa o amor a sós

Leva de mim sussurros
Toma um gole de café

Entrega ao meu peito inquieto
Suas mãos de artista
Me devora e enterra
Seu carinho e meu afeto

Ricardo Rother
não publicado



OUTRA VEZ

Coração apaixonado
Grito enlouquecido
Que bonito estar amando
Não se sentir mais tão perdido

De repente vem o pior
Não existe dor maior
Paixão não correspondida
Existe dor mais doída?

O coração parece sábio
Mas cai em cada cilada
Agente fecha os olhos e vai
E depois toma cada porrada

Na próxima acha que é esperto
Abre bem o olho e confia
O coração mais esperto te engana

E dessa vez vai chegando mais perto
Com muita cautela, como no xadrez
E quem sabe não é numa dessas

Que meu coração se perde outra vez

Ricardo Rother
não publicado

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