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cartógrafo de letras, sensações e pássaros

7.12.2009

VOLUME II : EM PROSA

CARTA DE AMOR PRA NINGUÉM ESPECIAL

Você sempre me pergunta que horas são querendo saber se eu já estou tão cheio de você quando espera.
Espera eu dormir pra colocar minha mão no seu colo, com medo que eu acorde e sinta algo diferente do que você sente. Está sempre me assustando pra eu ter certeza que estou vivo ou pra ter certeza que quero continuar assim, vivo.
Testa meu amor com todo tipo de jogo besta, sabe que meu amor é mais esperto que você mas ainda hesita em me dar um último beijo.
Não gosta de último beijo, ultimo beijo é antes da morte, enquanto isso a gente só ensaia e pratica.
E cada vez mais eu fico bom e gosto mais do pôr do sol laranja.
Uma música nunca me sai da cabeça, não lembro do nome, nem da letra, ela me lembra tanto nós dois, antes me lembrava algo triste. Eu nem sei se agora é diferente, mas me lembra você de um jeito ou de outro. Me lembra o cinto de oncinha e os lacinhos da sua cachorra. E o que mais eu posso querer?
Quero você pra uma eternidade e meia, a outra metade dou pra você ficar com a sua mãe. Não dou um anel de ouro, diamante, nada disso. Te dou meu coração de pingente, pra você usar por aí. Desfilar com ele, mostrar pra todos que eu sou seu, e que ele só bate se estiver perto de você. Já é dona de mim e das minhas vontades, só me resta esperar as horas passarem e te ver novamente. Um dia inteiro com você é muito, é pedir demais. O que faria num dia inteiro? 24 horas? De que valem 24horas se sorrio no primeiro segundo ao te ver, se é nessa hora que meu coração bate mais forte e desejo que dure pra sempre. Mesmo que dure, não vai ter graça, então quero você sempre algumas horas no meu dia, fazendo meu coração bater sempre, Pra que não fique na monotonia e na mesmisse.
Aparece por alguns minutos, ilumina meu dia, te dou um beijo e um telefonema.
Ainda temos 5 minutos, te amo sempre até amanhã.


Ricardo Rother
Publicado no Recanto das Letras em 17/02/2009




DE PAPEL

Insistir num erro aparente. Que aparenta ser tão menos do que me diz. Perdi alguns sentidos, dei de presente ao meu sentimento. Meu coração de papel, de origami, molhado e inútil, sem valor em cima do armário.
Estou num filme cult, e que filme cult tem final feliz ?
Uma sobreposição de imagens em sequência, sobrando os papéis que me fazer ser eu mesmo. Eu, de papel e meu coração de origami, jogado fora. Não posso nem abrir e tirar de lá algumas boas lembranças.
Faço um novo origami, um novo coração, uma nova vida. Mas é sempre assim. joga-se fora e não leva nada do último. Que filme eu fui me meter? Um filme sem papel pra mim, fico na espera. E talvez a espera que mate. Na idéia de "quase", o que é quase, não é. O que é quase amor, nem amor foi. O que é quase meu papel, nem de papel é. Eu, meu papel e meu velho origami quase seco. Quantas faces borradas ele tem? Quantas histórias lhe sobraram lá no meio e quão difícil é se desapegar das lembranças e das faces que sobram em cada um!
A dúvida de um novo papel, por onde começar? Que tamanho ele teria? Seria menor que o anterior para que lhe coubessem cada vez menos sentimentos? Quanto menor o espaço entre esses sentimentos, mais completo ele fica. Mais completo e só. Sem espaço para novas experiências, fechado até que vire pedra.
Não quero um coração de pedra, quero um gigante, para caberem mais e mais vivências e ainda falta algo para protegê-lo das águas que insistem em molhá-lo sem chuvas e tempestades.
Vou desdobrando o meu velho papel, cuidadosamente, sem olhar o que tem dentro. A curiosidade é grande e o filme em que me encontro começa a se desenrolar.
Tenho um coração de papel, meu papel ainda não sei mas estou prester a entrar em cena. Quem define um filme nesses primeiros dez minutos? Prefiro ficar até o defecho, um papel ainda está por vir. Ainda que não seja um papel novo, grande e cheio de cor.
O meu papel e meu origami ainda estão aqui.


Ricardo Rother
Publicado no Recanto das Letras em 20/04/2009



AMARELO

Eu quero o amarelo, quero o amarelo de novo. Quero viver um dia depois do outro, e seguir desta forma pensando sempre no amarelo do dia seguinte. Quero ver a luz no fim do tunel, quero a passagem, quero tudo com amarelo no fim. Meu mundo amarelo por vir, calmo, seguro e fiel amarelo sempre.
Quero filmes em preto e branco, quero o preto, o branco e sempre o amarelo junto. Quero comigo e levar pra sempre no bolso meu querido amarelo. Acordar de manhã e sentir o aroma de um novo dia azul, quero o azul sobre mim sempre, quero o azul para acalmar todos os momentos muito amarelos ou pretos. Quero um arco iris todo amarelo e preto, ligado no 220 e com sobras de empolgação do fim de semana.
Quero sol e chuva, mas tudo amarelo. Quero as emoções de volta, quero de volta tudo do antigo amarelo, pra colorir mais ainda minha noite cinzenta. Quero o cinza.
Mas o amarelo vem sempre em primeiro.


Ricardo Rother
Publicado no Recanto das Letras em 17/02/2009

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